Apresento-vos a minha Tufa:
Faleceu no dia 21 de Setembro de 2007 com quase 14 anos. Foi o meu primeiro e único "animal de estimação". Coloco a expressão entre aspas já que para mim ela era muito mais do que isso. Foi minha companheira em épocas marcantes. E como qualquer amigo de quatro patas, era especial. Especial porque era minha, porque era família. E hoje quero falar dela.
Passou por muito: epilepsia, tumor, problemas cardíacos e por fim uma infecção generalizada. Na altura estava a estagiar em S. João da Madeira e só vinha para casa ao Sábado de manhã. Custava-me muito pensar na ideia de estar longe e acontecer-lhe algo sem que estivesse presente. E assim foi.
Terminei o estágio no dia 20. Era o aniversário de uma amiga da terra do R. e excepcionalmente ficámos até ao Domingo de manhã. A Tufa faleceu nessa noite de Sábado. Nunca vou ter resposta para a pergunta: será que estava à minha espera já que eu ia sempre para casa naquele dia? Foi um acaso? Quero acreditar que até na morte ela foi fiel. Não sei porquê, prefiro pensar que foi isso. E eu deixei-a ficar mal, talvez a tenha desapontado. Resta-me o consolo de saber que não esteve sozinha. Teve ao seu lado os meus pais para quem ela também era especial.
Fui muito feliz com ela. Dediquei-me muito a ela e sei que ela também o fez do seu jeito. Era uma paixão tamanha que ninguém lá em casa quer outro amigo destes. É egoísta? Talvez. Sei que há muitos, infelizmente, a precisar de um lar. Mas além de não querer voltar a passar e observar o sofrimento, não me quero apegar a mais nenhum. Ela foi única. Assim como não se substitui uma pessoa falecida, também não se subsitui um amigo destes.
E porque esta manhã passei no caminho por um cachorro atropelado e não tive coragem de parar e pelo menos retirá-lo do alcatrão, fiquei a pensar nela. Fiquei a pensar como fui fraca por não ter estado com ela no fim da vida e por hoje não ter conseguido compensar isso com um gesto para com um outro amiguinho de alguém que jazia na estrada.
Vou agora tentar engolir em seco este nó que se formou na garganta ao escrever estas palavras, pensar nela e tentar sorrir. Ela merece.