É bem verdade que nunca falta o que escrever. Não sou excepção. Mas mais do que escrever para alguém ler, a escrita tem em mim um efeito catártico. E é isso que procuro.
19.11.09

Hoje é o dia de aniversário da minha mãe. É também o dia de aniversário do teu pai. Sinónimo de juntar a família para um jantarzinho simples, apenas para não deixar passar o dia despercebido. Família... Eu considero-te família, claro. Mas uma vez mais e como tem sido há anos faltas tu neste dia. Assim como falto eu em tua casa neste dia. Como se não bastasse ser traída pela distância geográfica, sou traída pelo aniversário dos nossos pais, que logo tinham de coincidir.

Ainda bem que daqui a algum tempo estaremos juntos. Mas até lá...

Ao longo destes dias tenho melhorado o meu estado de espírito. Tu tentas, eu noto bem que tentas falar comigo de modo a que me anime. No entanto não posso sorrir e fingir que tudo está bem. Porque não está.

Sempre ansiei por este momento. Os planos de contruir uma casa sempre me pareceram longínquos mas ainda assim passíveis de serem concretizados. Mas uma coisa é certa: nunca imaginei que me fizesse sofrer tanto.

Mas caramba... é uma casa. Não é algo que se corrija depois de estar feita. Tem de ser perfeito. E o facto de não estarmos a conseguir atingir essa perfeição está a derrotar-me. O que faz com que demoremos mais a ter o nosso lar. O que me deixa triste.

O que me deixa mais triste é mesmo o facto de estar triste com uma coisa que devia ser plena de felicidade e ânimo.

Considero-me uma miúda bem disposta, até. Quem lesse isto pensaria exactamente o contrário, imagino. "Bah... que seca de gaja..." Tenho momentos. Sou instável. Confesso que chego a temer pela minha sanidade. De um momento para o outro desabo.

Felizmente sei que sentimento nutres por mim. É a minha única segurança.

Dizias-me ontem que tens saudades minhas. Reparo que só te ouço dizê-lo quando estou assim, distante, apagada. Não quero com isto dizer que quando não o dizes não o sentes. Mas quem vive longe como nós acaba por perder o hábito de o dizer, porque somos obrigados a aprender a conviver com a distância.

Enfim... Este fim-de-semana estaremos juntos e veremos o que acontece. Sei que vou chorar uma vez mais mas também sei que vais enxugar as minhas lágrimas, uma vez mais.

Mas quero acreditar que o sofrimento levará a bom porto. Tenho de acreditar.

sinto-me: A tentar voltar a sorrir
link do postPor Gita, às 16:19  comentar

16.11.09

“Ver-te sair assim pela manhã faz doer. É como sentir as entranhas em fogo. Mea culpa, bem sei. E não adianta dizer que é de parte a parte.

Ao fim de cinco anos e meio já deveria ser capaz de pôr de lado as minhas “especificidades” e olhar em frente e pensar que sou capaz. Mas não sou. O tempo passa e isso não muda. E eu pergunto-me: até quando conseguiremos viver com isso. Sim, nós, porque eu já me conheço e sei que sou assim. Agora tu... talvez esteja enganada e me conheças melhor do que eu, mas duvido.

Eu não sou fácil, como bem sabes. Eu também o sei. Mas se o sei, porque não consigo mudar isso, nem com a tua ajuda?... Serei eu um beco sem saída? Talvez. Mas se assim for, para quê percorrer um caminho, um beco, que não conduz a parte alguma? Quando nos deparamos com um beco o que fazemos? Voltamos para trás e tomamos outro caminho. Talvez eu seja isso. E por vezes não percebo a tua teimosia em querer percorrer um caminho que além de não levar a lado nenhum é sinuoso, irregular e inconstante. A tua resposta será provavelmente porque me amas. Está bem. Eu também te amo e no entanto ver o teu sofrimento não me faz mudar, como já tiveste a oportunidade de comprovar uma e outra e mais outra vez. Cinco anos e meio e eu continuo a mesma L. de sempre. Devo ser o chamado caso perdido. Só lamento que te faça perder o teu tempo comigo. Sim, porque quando se falha uma e outra vez é-se um caso perdido. E eu falhei e falho. Muito. E nada me garante que não voltarei a falhar. As tuas palavras serão sempre as mesmas. As tuas belas palavras de alento que, não vou negar, me dão força. Sim, dão. Mas é apenas no momento em que são ditas. Eu não sou suficientemente capaz de as manter cá dentro e fazer delas a minha bandeira. É certo e sabido que mais cedo ou mais tarde, por um qualquer motivo tudo volta a desabar. E tu melhor do que ninguém sabe isso.

Quem é que eu quero enganar? Sou um fracasso. Enquanto mulher, enquanto profissional e até mesmo enquanto tua namorada. É pelo menos isso que sinto. Não te mereço. És bom demais para mim. Temos tantos planos... E eu quero muito concretizá-los. Mas neste momento faltam-me as forças. Não consigo dizer um “sou capaz” que me convença disso mesmo.

Embati num muro e não consigo ultrapassá-lo, não encontro caminho alternativo. Faltam-me as ideias, cansam-me as tentativas fracassadas. Queria ter um pouco que fosse da tua força. És tão mais forte e optimista do que eu. Eu ainda preciso de crescer. Saber quem sou, como sou. Eu devo ter, algures na minha adolescência, saltado a parte da definição de personalidade. Quem sou eu? Não encontro adjectivos que me caracterizem, pelo menos os que acarretam algo positivo. É tão mais fácil ver aquilo que em nós é errado. É tão mais fácil baixarmo-nos perante a adversidade do que levantar a cabeça e remar contra a maré.

“Estás deprimida.” Pois estou. E? É por isso que escrevo. É sempre este estado que me leva a escrever. Estarei eu a ver as coisas como elas são ou estará a minha visão turva com o meu negativismo? Restas-me tu para me tentar mostrar o contrário e indicar-me novamente o caminho, porque sozinha, está mais que visto, não sou capaz. Preciso de ti. Como sempre. Se ainda aí estiveres para mim. Como sempre.”

 

E assim começa mais um blog.

 

sinto-me: submersa
link do postPor Gita, às 12:28  comentar


 
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